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21 de agosto de 2024O governo não quer que a Avibras vá parar nas mãos da chinesa Norinco e mobilizou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para buscar uma empresa brasileira — ou um “pool” de empresas — para assumir suas operações, segundo reportagem da CNN [1].
A avaliação inicial, entre militares, era que desnacionalizar a Avibras seria um “problema menor” quando ela recebeu proposta de compra da australiana DefendTex. Essas negociações, porém, não evoluíram e a chinesa Norinco tomou a dianteira nas tratativas, o que fez com com os Estados Unidos anunciassem barreiras para integração de sistemas da empresa com sistemas americanos, caso os chineses tomassem o controle da Empresa Estratégica de Defesa brasileira [2].
Nesta semana, o BNDES conduzirá conversas com potenciais interessados e estuda uma forma de financiar a aquisição da Avibras por um grupo ou um consórcio brasileiro, segundo reportagem da CNN [1].
A Avibras
Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras tornou-se um dos principais símbolos da indústria de defesa brasileira. Ela tem sede em Jacareí (SP) e foi uma das pioneiras no país de equipamentos bélicos de ponta, como mísseis e lançadores de foguetes.
Hoje a empresa está em recuperação judicial. Suas dívidas ultrapassam R$ 600 milhões e há um acúmulo de problemas trabalhistas. Antes da crise, a empresa conduzia projetos com as três Forças Armadas, como o Míssil Tático de Cruzeiro (MTC-300), do Exército, o Míssil Antinavio Nacional de Superfície (MANSUP), da Marinha, e o projeto de motores do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), S50, da Força Aérea.
Sistema Astros
O sistema Astros é o carro chefe de exportação da empresa. O Astros constitui-se num sistema de foguetes de artilharia com longo alcance e elevada precisão, já consagrado no mercado internacional desde a Guerra do Iraque. A maior pendência do projeto, atualmente, é a entrega do míssil tático de cruzeiro MTC-300, que permitiria à artilharia do Exército atingir um alvo a 300 quilômetros de distância com erro de no máximo nove metros.
Apenas 11 países detêm essa capacidade atualmente. No caso do Brasil, faltam quatro testes para a certificação do produto, o que poderia ocorrer em um horizonte de dois anos.
Míssil MANSUP
Com a assinatura de um acordo de cooperação e transferência de tecnologia entre a Marinha do Brasil e a EDGE, a participação da Avibras no projeto MANSUP também é incerta [3]. A empresa era responsável pela produção dos motores, asas e outros acessórios do míssil.
Outro projeto da Marinha com a Avibras é o desenvolvimento de um motor nacional para o míssil Exocet AM-39. A falta de notícias sobre o projeto indica que a Marinha também encerrou esse contrato, que deveria estar pronto em 2016 e que poderia ser base para a versão aérea do míssil antinavio nacional (MANAER) [4].
Veículo Lançador de Microssatélite
Outra incerteza é a evolução do motor S50, parte do programa do VLM. Recentemente a empresa Mac Jee ganhou licitação para desenvolvimento de um motor lançador do veículo hipersônico X-14, o que gerou incerteza sobre as intenções da Aeronáutica manter o projeto do motor S50 com a Avibras [5].
O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), recentemente, aderiu a um contrato de tranferência de suas tecnologias militares com a IMBEL. O IAE receberá royaties de uso das tecnologias aplicadas em produtos comercializados pela IMBEL [6]. Esse movimento parece ter inaugurando na FAB uma tendência que já se observa em outras Forças, como foi o caso da seção da tecnologia do MANSUP da Marinha para a EDGE, em troca de royalties [7].
Conclusão
A situação da Avibras ainda é incerta, mas esse novo movimento indica que o governo está preocupado com a perda de tecnologia em uma eventual transferência do controle da Empresa Estratégica de Defesa para outro país.
Referências:
[1] Rittner, Daniel e Soares, Jussara. Governo freia venda da Avibras para chineses e busca “pool” de empresas nacionais. CNN Brasília. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/governo-freia-venda-da-avibras-para-chineses-e-busca-pool-de-empresas-nacionais/. Acesso em: 21 ago 2024.
[2] Folha de São Paulo apud Forças de Defesa. Folha: Negociação entre Norinco e Avibras pode ser travada por sanções dos EUA. 23 jun 2024. Disponível em: https://www.forte.jor.br/2024/06/23/folha-negociacao-entre-norinco-e-avibras-pode-ser-travada-por-sancoes-dos-eua/. Acesso em: 21 ago 2024.
[3] Almeida, Luciana. Marinha e Grupo EDGE assinam acordo para acelerar o desenvolvimento de míssil antinavio. Agência Marinha de Notícias. 16 jun 2023. Disponível em: https://www.agencia.marinha.mil.br/ciencia-e-tecnologia/marinha-e-grupo-edge-assinam-acordo-para-acelerar-o-desenvolvimento-de-missil. Acesso em: 21 ago 2024.
[4] Fan, Ricardo. Marinha fecha contrato com Avibras para produzir motor de míssil. Defesanet. 18 abr 2014. Disponível em: https://www.defesanet.com.br/aviacao/marinha-fecha-contrato-com-avibras-para-produzir-motor-de-missil/. Acesso em: 21 ago 2024.
[5] Defesanet. FAB Desiste do S50 e da AVIBRAS e transfere produção para Mac Jee. 18 ago 2024. Disponível em: https://www.defesanet.com.br/space/fab-desiste-do-s50-e-da-avibras-e-transfere-producao-para-mac-jee/. Acesso em: 21 ago 2024.
[6] Varella, Gabriele. IAE e IMBEL firmam Contrato de Transferência de Tecnologia. Agência Força Aérea. 19 ago 2024. Disponível em: https://www.fab.mil.br/noticias/mostra/43015/. Acesso em: 21 ago 2024.
[7] Forças de Defesa. Marinha deverá receber royalties do MANSUP. 15 mar 2024. Disponível em: https://www.naval.com.br/blog/2024/03/15/marinha-devera-receber-royalties-do-mansup/. Acesso em: 21 ago 2024.